1999 foi mais um daqueles anos que a Dupla estava cada um em determinada situação de suas histórias. O Grêmio vivenciava uma ressaca de títulos – entre eles duas Copa do Brasil, uma Libertadores e um Campeonato Brasileiro – e contava com alguns membros do elenco campeão, como Danrlei, Roger e Goiano. Já o Inter estava em uma fase de reconstrução e apostava suas fichas no retorno do capitão do tetra, Dunga.
Ainda assim, uma coisa que a Dupla tinha em comum era a pressão para vencer o Campeonato Gaúcho. Isto porque o Juventude havia conquistado o título no ano anterior e feriu o ego dos grandes. Assim sendo, a dupla sobrou nas etapas qualificatórias, atingindo o objetivo de disputar a final, que seria decidida em três partidas.
O Inter venceu o primeiro jogo, no Beira-Rio, pelo placar magro de 1 a 0 – gol do zagueiro Gonçalves. Poucos dias depois, foi a vez do Grêmio vencer. No Olímpico, o atacante Agnaldo e um jovem Ronaldinho Gaúcho marcaram os tentos que deram a vantagem ao tricolor. Como todos sabem, a história de Ronaldinho não acabava em apenas um gol em final de Gauchão.
No terceiro jogo bastava apenas um empate para o Grêmio ser campeão, mas o meia fez questão de mostrar que não ficaria contente com a igualdade. Joia da base, Ronaldinho naquele Gauchão era goleador. Se destacava pelos dribles desconcertantes e surpreendia com a marca de 14 gols, tornando-se, assim, artilheiro.
Naquele jogo, Ronaldinho confirmou que de fato era um driblador e um goleador. Mais do que isso, mostrou-se decisivo. O jogo estava equilibrado quando, ainda no primeiro tempo, uma pintura. Ronaldinho deu uma caneta no volante Ânderson, tabelou com Capitão e chutou no canto da meta de André. O Grêmio estava agora dois gols a frente e com mais um gol do artilheiro.
No segundo tempo o meia decidiu não jogar mais futebol. Decidiu dar um show. No circo de Ronaldinho, o palhaço escolhido foi justamente Dunga. Com poucos minutos da etapa complementar, o jogador da base deu um drible desconcertante no veterano próximo à linha de fundo. Uma jogada única, digna de craques e de reprodução limitada.
O Grêmio seguiu com a vantagem e Ronaldinho seguiu com o show. Com a bola a meia altura, o camisa 10 deu um chapéu humilhante em cima de Dunga que ficou marcado na história do Olímpico. Lá estava um jovem de 19 anos distribuindo dribles audaciosos para cima de um dos jogadores mais importantes do Brasil.
Meses depois o craque foi convocado pela primeira vez para a Seleção Brasileira e fez com que Galvão Bueno entoasse o bordão “olha o que ele fez!” para que o mundo conhecesse Ronaldinho Gaúcho. Afinal, não é qualquer um que entorta o capitão do tetra e meses depois marca um gol antológico na Copa América.